5.7.07

John Lennon - Plastic Ono Band (1970)


"John Lennon/Plastic Ono Band" é o primeiro álbum solo de estúdio do ex-Beatle John Lennon. Antes dele, John havia lançado um álbum ao vivo com a Plastic Ono Band, supergrupo de rock com influências de arte vanguardista que teve, entre outros, em sua formação, os bateristas Ringo Starr e Alan White (Yes) e Eric Clapton, e também lançado outros três álbuns experimentais gravados com sua namorada Yoko Ono, incluindo "Unfinished Music No. 1:Two Virgins", cuja polêmica e famosa capa retrata Lennon e Ono nus, e que teve muitas cópias apreendidas por terem sido consideradas "obscenas", e as que não foram apreendidas foram vendidas em envelopes de papelão. Todos esses discos foram lançados antes da separação dos Beatles, mas já eram projetos-solo de Lennon.

John teve uma infância dificílima, tendo sido criado por sua tia Mimi, já que seu pai, que era marinheiro, abandonara a família quando John era muito novo, e sua mãe, Julia, fora morar com um namorado, que tinha como condição que seu filho John (com cinco anos na época) não fosse morar com eles, e por isso, Julia deixara John com sua irmã Mimi. Embora visitasse a casa de Mimi sempre, Julia era mais como uma irmã mais velha do que como uma mãe para John, o ensinando a tocar o banjo, e apresentando a ele o Rock n' Roll de Elvis Presley. Como se isso não bastasse, durante a adolescência de John, sua mãe Julia morreria atropelada por um policial bêbado a caminho da casa de Mimi, onde visitaria John. O menino nunca superou o trauma triplo de primeiro ser abandonado pelo pai, e depois de perder a mãe duas vezes, e cresceu um adolescente amargo, violento e infeliz.

John e Yoko, logo após o fim dos Beatles, em 1970, decidiram experimentar a "Terapia Primal" do Dr. Arthur Janov, que prega que para que o paciente consiga superar seus traumas, ele deveria entrar completamente em contato com suas tristezas e traumas mais profundos, e regredir a um estado mais primitivo, simples e sincero, quase infantil, para então abraçar essa tristeza e viver toda essa dor, ao invés de se reprimir ou se fazer de forte, pois fazendo assim, absorvemos essas coisas ruins, e agregamos à nossa personalidade todas essas emoções, gerando um acúmulo de tensão na nossa vida, nos deixando amargos, mal resolvidos ou "bloqueados emocionalmente".

John decidiu fazer de seu novo disco um veículo para sua catarse emocional, tratando abertamente de temas pessoais, expondo seus sentimentos, medos e dores de uma maneira quase confessional, com a esperança de superar seus traumas, e se libertar.

O álbum tem uma sonoridade crua e simples, na maior parte das vezes contando somente com a guitarra ou piano de John, o baixo de Klaus Voorman (amigo pessoal dos Beatles desde a época de Hamburgo, que inclusive desenhou a capa do disco Revolver), e a bateria (muito bem tocada, por sinal) de Ringo Starr. Os arranjos são muito simples, quase que como se tivessem sido feitos assim para que o ouvinte preste atenção nas letras e na voz de John, que passam com muita sinceridade e intensidade seus conflitos e dores. Incrivelmente, o álbum foi produzido por Phil Spector, famoso por seus arranjos grandiosos e densos, com muitas "camadas de som", por isso chamados de "Wall of Sound" (Phil recentemente esteve em destaque devido a acusações de homicídio).

A primeira faixa, "Mother" é com certeza a tradução de sentimentos para a linguagem da música mais sincera e profunda que já ouvi na vida. Ao ouvir John destruindo sua garganta gritando repetidamente do fundo do peito "Mama don't go! Daddy come home!", e conhecendo a história de vida de Lennon, é impossível não ficar com os olhos cheios de lágrimas, e reconhecer naqueles gritos um menino carente que só quer o carinho e atenção dos seus pais.

O disco segue com a otimista "Hold On" (cookie!), e a raivosa "I Found Out", que conta com um vigoroso trabalho de bateria de Ringo Starr.

A quarta faixa, "Working Class Hero" é uma das mais conhecidas do trabalho de Lennon, contando somente com John e seu violão, cantando contundentes letras abertamente políticas que influenciariam o movimento punk mais tarde naquela década. Outra curiosidade sobre ela é que foi uma das primeiras músicas a conter a palavra "fuck".

O álbum continua com a depressiva e emotiva "Isolation" e "Remember", com seu ritmo hipnótico, piano sólido, introdução quebrada, e seu final inesperado, onde John evoca Guy Fawkes e a "conspiração da pólvora", terminando a canção com a frase "remember, remember, the fifth of november" (quem tiver visto o filme "V de Vingança" sabe do que estou falando) e uma explosão que faz os desavisados saltarem da cadeira (vocês leitores da Concha considerem-se avisados).

Em seguida vem a simples, irresistível e doce balada "Love" que começa com um fade-in do piano (curiosamente tocado por Phil Spector), e possui uma harmonia muito bonita. "Well Well Well" dá continuação ao disco com seu som pesado e raivoso, além de mais gritos destruidores de garganta de Lennon.

"Look At Me" lembra "Dear Prudence" e "Julia" (ambas do álbum branco dos Beatles) pelo dedilhado do violão (que John aprendeu com Donovan em 1968, em sua estada na Índia com os Beatles, para o estudo da Meditação Transcedental) e conta com letras introspectivas, embora seja no final das contas uma balada de amor.

"God" é a penúltima faixa do disco, e como o título sugere, se trata de religião. Ela é um manifesto onde Lennon diz não crer na existencia de Deus como uma entidade, e que as pessoas dão importância grande demais à "entidade" e de menos aos ensinamentos morais, que seriam o que importa de fato na religiosidade. Em seguida, ele lista diversos ídolos em que não acredita (incluindo aí Jesus, Hitler, Elvis, Buda, Kennedy e até mesmo os próprios Beatles, o que foi um balde de água fria para aqueles que tinham esperança na volta dos Beatles), e diz somente acreditar em si mesmo e em sua esposa, Yoko Ono.

Essa canção contém o famoso verso "The dream is over" que sintetiza o sentimento de fracasso dos idealistas da geração dos anos 60, que queriam mudar o mundo, e se viram fracassados e impotentes.

Billy Preston (que morreu ano passado) toca piano nessa faixa (ele tocou em algumas gravações dos Beatles e na All-Starr Band de Ringo).

O álbum termina com a pequena e mórbida "My Mummy's Dead", que é a única música do álbum que eu não gosto (por causa da morbidez e sonoridade sombria que me dão certo mal-estar).

A reedição do álbum em CD conta com duas faixas bônus que eu não vou comentar pois destôam completamente do álbum, que nesse caso não é só uma compilação de músicas, mas sim um conjunto maior, com uma mensagem e conteúdo coerentes.

Plastic Ono Band é na minha opinião o melhor álbum de John Lennon. É minimalista, sincero, cru, emocionalmente doloroso. É Lennon se despindo, traduzindo todos os seus traumas e sentimentos na íntegra em forma de música.

Os pontos altos do álbum ficam por conta do grito desesperado pelo amor materno de "Mother", a politica e contundente "Working Class Hero", a linda "Love", e a polêmica "God".

Link para baixar o álbum:

21.6.07

Spock's Beard - Day For Night (1999)


Eu conversava de madrugada no MSN com um amigo há uns dias atrás, e ele (que tem um gosto musical parecido com o meu) comentou que fora questionado por alguém sobre o porquê de sua preferência por música antiga. Discutimos sobre como não se faz mais música hoje em dia como se fazia antigamente, e me perguntei se isso seria verdade mesmo.

Falamos de álbuns novos que consideramos bons, e percebi que estávamos citando somente coisas novas de artistas velhos (falamos de Stones, do álbum novo do Who, dos últimos do Paul McCartney, e outros). Abro meu blog e reparo que todos os álbuns que comentei até agora tem mais de 30 anos (o Time Out tem quase 50). Vendo isso tudo, decidi que o próximo post do Concha-Acústica deveria ser sobre um álbum de uma banda mais nova.

Após pensar um pouco, consegui enumerar vários artistas novos que me agradam, embora poucos o façam tanto quanto os antigos. Escolhi esse álbum pois o Spock's Beard foi uma das bandas mais legais que conheci nos últimos tempos, e esse álbum deles é fantástico.

Ironicamente, eu descobri o Spock's Beard através de música antiga. Foi a partir de um video do projeto-tributo a Beatles "Yellow Matter Custard", que conta com Paul Gilbert (Mr.Big, Racer X, G3), Mike Portnoy (Dream Theater), Matt Bissonette (Joe Satriani), e Neil Morse. Todos eram músicos que eu conhecia e gostava, a não ser pelo último, que nunca havia ouvido falar, mas me agradou bastante no video, tocando guitarra, teclados e sendo o principal vocalista do projeto. Gostei tanto do Neil Morse que fui pesquisar de onde esse sujeito tinha saído pra tocar junto com esses monstros tão famosos no meio "metal" (mas que mesmo assim são grandes fãs de Beatles).

Descobri que ele tinha uma banda de progressivo chamada Spock's Beard (adorei o nome), e decidi conferir. Não sabia o que esperar, e pensei que por ele tar tocando com o Portnoy, e também ser músico de progressivo, se trataria de uma banda de Metal Progressivo (eu gosto, mas depende do meu humor e da banda), e fiquei com um pé atrás. Meu irmão Gustavo falou para eu ouvir sem medo, e para começar por um disco chamado "Day For Night" que eu ia gostar muito. Eu acreditei, mas não esperava gostar tanto.

O Spock's Beard junta elementos do Pop, Progressivo, e em alguns (poucos) momentos até Metal, e é possível perceber várias influências diferentes no som deles, desde grupos progressivos como o Yes, Rush, Genesis e Gentle Giant (esse último eu não conheço direito, mas meu grande amigo Paulo falou que a segunda música lembra MUITO o Giant quando mostrei o disco para ele, então decidi citar aqui), com baixos "rickenbaker-metálicos", sintetizadores, virtuose, harmonias vocais complexas e bonitas (talvez meu elemento favorito em todo o disco) e tempos não-convencionais, até grupos como os Beatles, com baladas lindas e refrões que grudam, e Deep Purple, com muitos órgãos Hammond, e musicas empolgantes. Isso tudo com uma roupagem atual e produção sensacional.

O Spock's Beard poderia muito bem se encaixar nas categorias "Pop" e "Progressivo" numa loja de CDs, devido a não ter a "pretensão" característica da maioria dos grupos progressivos, justamente por não se preocupar em seguir algum rótulo. O álbum Day For Night se encaixa na categoria "boa música".

Eu gosto bastante de progressivo, embora às vezes ache que as bandas do estilo acabam perdendo o ouvinte com músicas longas e pouco objetivas, e para mim um ponto favorável desse disco é que além dos refrões serem geniais, as faixas não são tão longas (para os padrões progressivos), embora as ultimas 6 faixas do disco sejam na verdade uma grande música de 20 minutos chamada "The Healing Colors of Sound", que por sinal é um dos melhores momentos do disco.

A voz de Neal Morse me agrada bastante, embora em alguns momentos soe anasalada demais (mas e daí? a minha também é, e não paro de cantar por causa disso). O baterista Nick D'Virgilio é fantástico (ele já gravou com o Genesis, e não é pouca coisa substituir Phil Collins na bateria) e tem uma ótima voz (outra relação com o Genesis aqui, já que o frontman Neal Morse deixou o Spock's Beard em 2002 e Nick assumiu os vocais, como Phil fez após a saída de Peter Gabriel do Genesis em 1975 ). O baixo de Dave Meros é muito bem tocado, e tem uma sonoridade que me agrada bastante (lembra Chris Squire, do Yes) e se encaixa com o som da banda perfeitamente. Os teclados de Ryo Okumoto são onipresentes no disco, onde ele contribui com o Orgão Hammond e Mellotron (os sintetizadores são comandados por Neal Morse), e as camas de teclados são essenciais para a coerência do disco, que ficaria bem vazio sem eles. A guitarra de Alan Morse (irmão de Neal) usa e abusa de efeitos, e em alguns momentos eu chego a me perguntar "isso é guitarra?", devido ao álbum ter tantos instrumentos ao mesmo tempo, e o som da guitarra ser bem modificado usando efeitos diversos como Wah, Talkbox, e MUITOS outros, além de bastante distorção. O trabalho de guitarra é muito bom, e os solos de Alan são bem interessantes.

Os pontos altos do disco são a faixa título, que fica na cabeça e se recusa a sair; a progressiva-de-10-minutos "Crack The Big Sky"; a linda balada "The Distance To The Sun"; e a canção "Gibberish", que conta com um contraponto de 4 vozes "a capella" em tempo não convencional que é muito divertido de ficar "dissecando mentalmente" até se entender exatamente o que se passa.

Enfim, esse é um disco que eu recomendo sem medo pra qualquer pessoa que gosta de música. É um disco que me entretém, e a cada audição, algo novo é percebido, devido ao nível de complexidade e lapidação das canções, que mesmo com essa sofisticação não soam pretensiosas demais ou maçantes (se eu quisesse que 10 minutos da minha vida passassem bem rápido por algum motivo, ouvir "Crack The Big Sky" seria uma boa pedida).

Link para baixar o álbum:
http://rapidshare.com/files/22026361/hbsbdfn.rar - link tirado da comunidade "Discografias", do Orkut

14.6.07

T.I.M.BRE - Nem Por Um Milho (2007)


A demo intitulada "Nem por um milho" da minha banda de brega-metal T.I.M.BRE está disponível para download. Faixas:

1- Livin' La Vida Loca (Ricky Martin)
2- Fogo e Paixão (Wando)
3- Negro Gato (Roberto Carlos)
4- Tenho (Sidney Magal)*

*Bonus Track Live At Morumbi Stadium

A T.I.M.BRE estará se apresentando dia 19 de Junho, próxima terça-feira, no Teatro Odisséia (Av. Mem de Sá, 66, na Lapa, Rio de Janeiro). A entrada é uma lata de leite em pó, e o show está previsto para começar as 20h.

Links:

Fotolog da T.I.M.BRE
Comunidade no Orkut da T.I.M.BRE
Download "Nem Por Um Milho"(13Mb)

11.6.07

Dave Brubeck Quartet - Time Out (1959)


Após esse meu breve período longe do blog, decidi voltar com algo um pouco diferente. Pensei em escrever sobre um disco que representasse outro estilo musical que não fosse o Rock, e não tive que pensar muito antes de escolher esse aqui. Ele foi apresentado a mim há alguns anos por um grande amigo e ex-parceiro musical, que cismou que queria tocar comigo uma musica de que eu nunca havia ouvido falar antes, chamada "Take Five", que era no tempo 5/4! E eu era o baterista, e nunca tentara tocar nada que não fosse Rock n' Roll com compasso quaternário. Eu nunca tive aulas formais de música, não sei ler partituras, não sei muito de teoria. Essa música a princípio deu um nó na minha cabeça, mas acabou me ensinando bastante.

Dave Brubeck é um pianista de Jazz ainda na ativa até hoje (ele está com 86 anos de idade no momento), que criou o Dave Brubeck Quartet em 1951, conjunto este que alcançou grande popularidade entre o público jovem, tocando em campus universitários e clubes de Jazz. O quarteto ganhou tanta notoriedade que Dave saiu na capa da Time Magazine, em 1954 (foi o segundo músico a alcançar tal façanha).O conjunto ia bem, tocando muito, gravando bastante e fazendo um bom sucesso.

Em 1959, após anos seguidos de sucesso, Dave e seus três companheiros de grupo decidiram inovar em seu próximo trabalho, e compor um novo álbum baseado somente em métricas não-convencionais. A gravadora achou que era um movimento muito arriscado e ameaçou vetar o projeto, pois, na época, o Jazz era uma música "para dançar", e os executivos da gravadora achavam que as pessoas teriam dificuldade em dançar músicas com compassos que não fossem quaternário ou de valsa (3/4), e que, consequentemente, o álbum seria um fracasso.

Por fim, a gravadora decidiu lançar o álbum, que rapidamente virou campeão de vendas, e teve na composição de Paul Desmond "Take Five" um sucesso tremendo, que permanece como uma das mais conhecidas músicas de Jazz até hoje.

"Time Out" tem uma importância enorme na história do Jazz, já que este é um estilo inovador em tantos campos da música (harmonia, estrutura, e muitos outros), porém, no campo rítmico, pouco havia mudado, se prendendo ao compasso 4/4. Esse disco foi um marco na emancipação rítmica do Jazz, e o pioneirismo de Dave Brubeck ajudou a definir os rumos que o estilo seguiria nos próximos anos.

Não sou, nem nunca fui (mas gostaria de ser), um grande conhecedor do Jazz, embora seja um admirador desse estilo musical tão diverso, criativo e imprevisível. Esse disco me agrada muito pelas composições de Brubeck e seu saxofonista Paul Desmond, que têm a rara capacidade de conciliar a complexidade dos tempos ímpares com melodias sofisticadas, bonitas e interessantes.

O sax de Paul Desmond consegue ser suave, doce e delicado, mas ao mesmo tempo presente, forte e marcante. A bateria de Tom Morello é genial, e, provavelmente, ele é o maior responsável por esse álbum, com tantos tempos diferentes e não-convencionais, conseguir a façanha de ser dançante e "swingado". O baixo de Eugene Wright é bem sólido, e suas linhas se encaixam perfeitamente nas canções, encorpando-as e deixando-as coerentes . E Dave Brubeck organiza a festa, tocando seu piano com maestria e contribuindo com improvisações inspiradas e inspiradoras.

A minha faixa favorita do álbum é a primeira, "Blue Rondo A La Turk", com sua melodia que fica na cabeça por dias, e seu tempo, que transita entre o 9/8 e o 4/4. Além dela, vale destacar a música "Take Five", que me apresentou ao álbum, e é um classico do Jazz, além de contar com um solo de bateria fenomenal, em 5/4.

Vale comentar, a título de curiosidade, que o Dave Brubeck Quartet tocou, em 1978 no Palácio Quitandinha, aqui em Petrópolis, época em que o Palácio era palco para atrações de grande porte, como a Orquestra Sinfônica Brasileira, Os Mutantes, Toquinho e Vinícius de Moraes.

Link para baixar o álbum :

4.6.07

Ausência.

Mas primeiro, uma pequena propaganda: show da BANDA T.I.M.BRE, no teatro ODISSÉIA, na Lapa dia 19 de JUNHO. A entrada é 1 lata de leite em pó.

Agora continuamos com o post:

Tenho estado meio ausente por aqui, mas estou voltando. A ausência foi causada por alguns fatores, mas predominantemente minha falta de disciplina e compromisso mesmo. Eu havia me proposto a escrever aqui com certa frequência, mas foi só ter um pouco mais de compromissos no dia-a-dia que esqueci desse meu espaço virtual. Eu entrei num curso de audio, gravei algumas músicas para aprender a lidar com programas de gravação, ensaiei e gravei bastante com minha banda de brega T.I.M.BRE, virei maior de idade (no dia que o álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" dos Beatles fez 40 anos), compus alguns protótipos de musicas, li alguns livros, conheci pessoas especiais, enfim, fiz tudo menos escrever por aqui. Mas agora eu vou voltar com minhas críticas e resenhas, para o prazer dos meus leitores (eu devo ter alguns por aí), e pra mim mesmo.

Aí embaixo seguem alguns mp3 que comprovam que eu não estou mentindo (hahaha).

T.I.M.BRE - Livin' La Vida Loca(6Mb, e sim, é a música do Ricky Martin. Sou eu no baixo e backing vocals)
Jayme - Michelle (5Mb, música dos Beatles, sou eu executando todos os instrumentos e vocais)

PS.: Esse post foi atrasado em horas devido ao fato da globo ter transmitido o filme "Os reis do iê-iê-iê" (A hard day's night) dos Beatles, durante minha madrugada, e embora eu já tenha assistido a ele inúmeras vezes, e até saiba boa parte das falas de cor, não consegui parar de assistir, pois é muito engraçado assistir a ele em versão dublada, com os Fab 4 falando com vozes que me soam tão familiares... O John falava com a voz do Goku. E o avô do Paul é "um velhinho asseado".

hahahaha. meus dias têm sido melhores.

9.4.07

Kiss - Alive! (1975)


"You Wanted The Best, You Got The Best. The Hottest Band In The World........ KISS!!!"

Escrever sobre o Kiss é muito fácil pra mim. Eles foram a primeira banda que me chamou a atenção, a primeira banda pela qual me apaixonei. Antes deles, nunca tinha me perguntado os nomes dos músicos, nunca tinha feito questão de ouvir TODOS os discos de uma só banda, ler biografias, ver documentários, enfim: o Kiss foi A banda que começou com essa minha doença/paixão chamada Rock n' Roll. Com uns oito anos de idade eu já conhecia de trás pra frente boa parte do repertório da banda, e até pedia de presente para minha família discos deles que eu não tinha em casa (alguns deles, eu só tinha em vinil, e meu irmão não me deixava usar a vitrola), e assim, ainda pequeno, ganhei CDs como o "Animalize", o "Crazy Nights" e o "Smashes, Trashes and Hits" (discos bem obscuros do catálogo), que foram alguns dos primeiros CDs que eu tive na vida (o primeiro foi "Mamonas Assassinas", que ganhei na minha formatura da Classe de Alfabetização).

Minha paixão pelo Kiss é antiga, e não diminuiu, embora desde aquela época eu tenha descoberto outras bandas que talvez goste igualmente. Minha paixão pelo Kiss se compara àquela da primeira namorada, ou a do primeiro beijo, que deixam marcas para o resto da vida. Depois de me interessar e pesquisar a história da banda, fui engatando uma nova banda atrás da outra, e nunca mais parei.

Já falei o suficiente da minha história, então vou começar falar sobre a desse disco, que é considerado por muitos como um dos melhores discos ao vivo da história, a lado de marcos do rock, como "Live At Leeds", do The Who, "at Folsom Prison", de Johnny Cash, e "Live and Dangerous", do Thin Lizzy (álbuns que planejo comentar em breve aqui no Concha-Acustica).

O ano era 1975 e o Kiss já havia lançado 3 álbuns de estúdio, até então sem grande sucesso de vendas. Porém, eles eram muito bem sucedidos como atração ao vivo, abrindo para os maiores grupos da época, invariavelmente roubando o show das atrações principais (o que fez com que vários artistas não mais os deixassem abrir seus shows, já que havia gente que ia, assistia o Kiss e depois ia embora) com seu som explosivo, com o apelo visual (cabelos enormes, maquiagem, alter-egos, saltos-plataforma altíssimos, fantasias extravagantes, cuspição de fogo e de sangue, efeitos pirotécnicos de palco, iluminação, enfim, a lista é longa nesse quesito), e a maestria dominando e entretendo o público (principalmente por parte de Paul Stanley e Gene Simmons).

Então, após o Kiss conquistar um público cativo (que se auto-denominou KISS ARMY), e passar a ser a atração principal de seus shows, e ainda assim a venda dos discos de estúdio nao ser satisfatória, surgiu a idéia de gravar um álbum ao vivo, que fizesse jus à reputação dos shows do Kiss, tentando reproduzir na íntegra a emoção e energia que os faziam bem sucedidos ao vivo, e que eles não conseguiam reproduzir nos álbuns de estúdio.

Naquela época, álbuns ao vivo não eram bem vistos. Eram vistos como "caça níqueis", e quase sempre vendiam pouco. O Kiss não só preparou um disco ao vivo. "Alive!" era um disco ao vivo DUPLO. A gravadora quase vetou o projeto, o considerando quase um suicídio, mas ela estava à beira da falência, e decidiu tentar, já que nao tinha nada a perder (por falar nisso, a música "Nothing to Lose", cantada pelo baterista Peter Criss é sensacional) .

Todos esperavam um sucesso de vendas maior do álbum "Alive!" do que de seus predecessores "Kiss", "Hotter Than Hell", e "Dressed to Kill" (esse último tem uma das minhas capas favoritas), mas ninguém esperava o sucesso tremendo do álbum, que, menos de dois meses depois da sua data de lançamento ganhou disco de ouro, e levou o nome da banda a boas posições nas paradas. O único single do disco, a versão ao vivo de "Rock n' Roll All Nite" (a música já havia saído como single em sua versão de estúdio na época do lançamento do disco "Dressed To Kill, mas fora um fracasso) ficou perfeita, transmitindo o espírito desse hino do Rock n' Roll na íntegra para o ouvinte, e virou sucesso nas rádios dos Estados Unidos e projetou o nome Kiss aos quatro cantos do país.

Foi o começo do sucesso de uma das principais bandas da historia do Rock.

Ainda há controvérsias sobre o quanto "ao vivo" seria o disco, já que muita gente diz que ele é lotado de overdubs. Alguns até dizem que ele foi todo feito em estúdio. Eu particularmente não dou a mínima. Eu fecho os olhos e a mágica está lá. Sou transportado para o Cobo Hall em Detroit, em 1975, e estou num show do Kiss: a energia está lá, o público vai à loucura, os solos de guitarra do Ace são espetaculares (ele continua sendo um dos meus guitarristas favoritos), as linhas de baixo do Gene são boas como sempre (em alguns momentos lembrando Paul McCartney), e as músicas são sensacionais, Rock n' Roll puro e objetivo, feito exclusivamente para a nossa diversão.

Para mim, "Alive!" é um disco muito bom, que me lembra a infância, me lembra a descoberta da música, e o começo da vontade de tocar guitarra . É um disco muito importante na minha vida, por ter me introduzido ao Rock n' Roll, e eu achei que seria interessante escrever sobre ele.

Todas as faixas são pontos altos do disco pra mim, porém vou apontar algumas em especial: O hino máximo do Rock "Rock n' Roll All Nite", os clássicos "Deuce" e "Strutter"(algumas das músicas que eu mais toquei na vida, com certeza) e as minhas favoritas pessoais "She", "Nothing to Lose" e "Cold Gin" (essa última tem uma introdução impagável, com Paul conversando com o público sobre suas preferencias em termos de bebidas alcoolicas).

Link para baixar o álbum:
http://rapidshare.de/files/27381394/K-i-s-s.Alive.FYH.zip (senha para descompactar: "Feed Your Head") - Link tirado da comunidade "Discografias", do Orkut.

2.4.07

Beach Boys - Pet Sounds (1966)


"Ninguém é educado musicalmente até ter ouvido Pet Sounds..." - Paul McCartney

Há alguns anos, assistindo ao documentário Anthology dos Beatles, ouvi da boca de Paul McCartney que uma tal música chamada "God Only Knows" seria em sua opinião a mais bonita da história. No mesmo documentário, ouço da boca de George Martin (produtor dos Beatles considerado o quinto beatle) que o Sgt. Peppers só existiu como um esforço por parte dos Beatles de fazer um álbum que se igualasse ou superasse um tal de Pet Sounds dos Beach Boys.

Claro que eu já havia ouvido falar neles, mas o que eu conhecia se resumia à música "Wouldn't it be nice", "I get around", "Barbara Ann" (esta eu só conhecia pois o Who fez um cover dela cantado por Keith Moon, que por sinal, vale a pena conferir), e algumas (poucas) outras, e eu gostava, porém nunca tinha tido interesse em conhecer a fundo (eu tinha aquela impressão de que eles eram "surf, carros e garotas" demais pra mim, o que não é mentira em alguns trabalhos do grupo).

Um belo dia, um de meus irmãos chega em casa com uma cópia do disco que sabia que me dava tanta curiosidade. Com ele em mãos, olho a capa, que me agrada por ser bem colorida, e meio surreal (os Beach Boys alimentando alguns animais...). Era diferente do que eu esperava: nada de sol, roupas de banho nem pranchas de surf. A capa já avisa que o disco realmente não seria o que eu esperava (o que é muito bom, embora eu goste sim da música feliz e ingênua do começo de carreira do grupo).

O ano era 1965 e Brian Wilson (líder dos Beach Boys) fica pasmo ao ouvir o recém lançado e à frente de seu tempo álbum Rubber Soul dos Beatles, que dispara um instinto competitivo que se extendeu por alguns anos e se mostrou EXTREMAMENTE benéfico para a história da música pop, e gerou dois dos melhores discos da história: Pet Sounds e Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band.

Brian Wilson deixou a abordagem adolescente do grupo para trás e começou esse projeto pessoal, que chama atenção pela beleza das composições, e letras profundas, introspectivas e pessoais. Também começou a experimentar sons não muito convencionais, driblando as limitações tecnológicas dos estúdios da época, para alcançar as sonoridades desejadas,usando instrumentos como o Theremin (I Just Wasn't Made For These Times), arranjos sofisticados de cordas e instrumentos de sopro (não eram tão comuns no pop/rock na época), barulhos de buzinas, campainhas, sons de trens e até latidos de cachorros. Isso tudo sem deixar de lado a marca registrada da banda, as harmonias vocais que popularizaram o grupo no começo dos anos 60.

Esse disco, lançado em 1966 faz jus ao título de obra prima que foi atribuído a ele. Pet Sounds é um dos discos mais bem sucedidos na tarefa de traduzir sentimentos na forma de música. É Um dos poucos discos que me arrepiam TODA vez que escuto. Os temas das letras, as linhas de baixo espetaculares, as harmonias vocais trabalhadas, a beleza das composicões, o trabalho fantástico de percussão, e as geniais mudanças de dinâmica das músicas contribuem nesse efeito, mas o principal culpado é a capacidade sobrehumana de Brian Wilson de escrever e interpretar suas letras e passar seus conflitos e sentimentos para o ouvinte.

Pet Sounds é um disco sobre amadurecimento, talvez por isso seja um disco com o qual eu me identifico muito (principalmente nos últimos meses, onde TUDO mudou), e com certeza por isso foi escolhido como o primeiro álbum a ser comentado no meu novo blog.

É difícil escolher os pontos altos do disco, que é inteiramente genial, por isso vou dizer as músicas que sempre me arrepiam: "God Only Knows", "Don't Talk", "You Still Believe In Me" e "I Just Wasn't Made For These Times" e outras que não podiam ficar de fora: "Wouldn't It Be Nice", e a mistura Folk+Beach Boys de "Sloop John B".

Link para baixar o álbum:

1.4.07

Introdução.

Meu nome é Jayme, tenho 17 anos, sou músico, por enquanto moro em Petrópolis, mas a partir de agosto me mudo para Niterói, para estudar jornalismo na Federal Fluminense.

Comecei esse blog para desenvolver minhas habilidades de escrever, que nunca considerei como um ponto forte meu. Mudar isso é um propósito do blog. Outro não menos importante é compartilhar com vocês informações e opiniões sobre música, que é algo muito importante na minha vida.

Eu gosto de diversos tipos de música, então esperem posts sobre Jazz, Folk, Blues, Bossa Nova, Soul, Progressivo, Pop, Country, Metal e o que mais vier à cabeça, porém, fui criado ouvindo o bom e velho Rock n' Roll.

Espero que gostem do blog, estou aberto a sugestões.

Sejam bem vindos.