21.6.07

Spock's Beard - Day For Night (1999)


Eu conversava de madrugada no MSN com um amigo há uns dias atrás, e ele (que tem um gosto musical parecido com o meu) comentou que fora questionado por alguém sobre o porquê de sua preferência por música antiga. Discutimos sobre como não se faz mais música hoje em dia como se fazia antigamente, e me perguntei se isso seria verdade mesmo.

Falamos de álbuns novos que consideramos bons, e percebi que estávamos citando somente coisas novas de artistas velhos (falamos de Stones, do álbum novo do Who, dos últimos do Paul McCartney, e outros). Abro meu blog e reparo que todos os álbuns que comentei até agora tem mais de 30 anos (o Time Out tem quase 50). Vendo isso tudo, decidi que o próximo post do Concha-Acústica deveria ser sobre um álbum de uma banda mais nova.

Após pensar um pouco, consegui enumerar vários artistas novos que me agradam, embora poucos o façam tanto quanto os antigos. Escolhi esse álbum pois o Spock's Beard foi uma das bandas mais legais que conheci nos últimos tempos, e esse álbum deles é fantástico.

Ironicamente, eu descobri o Spock's Beard através de música antiga. Foi a partir de um video do projeto-tributo a Beatles "Yellow Matter Custard", que conta com Paul Gilbert (Mr.Big, Racer X, G3), Mike Portnoy (Dream Theater), Matt Bissonette (Joe Satriani), e Neil Morse. Todos eram músicos que eu conhecia e gostava, a não ser pelo último, que nunca havia ouvido falar, mas me agradou bastante no video, tocando guitarra, teclados e sendo o principal vocalista do projeto. Gostei tanto do Neil Morse que fui pesquisar de onde esse sujeito tinha saído pra tocar junto com esses monstros tão famosos no meio "metal" (mas que mesmo assim são grandes fãs de Beatles).

Descobri que ele tinha uma banda de progressivo chamada Spock's Beard (adorei o nome), e decidi conferir. Não sabia o que esperar, e pensei que por ele tar tocando com o Portnoy, e também ser músico de progressivo, se trataria de uma banda de Metal Progressivo (eu gosto, mas depende do meu humor e da banda), e fiquei com um pé atrás. Meu irmão Gustavo falou para eu ouvir sem medo, e para começar por um disco chamado "Day For Night" que eu ia gostar muito. Eu acreditei, mas não esperava gostar tanto.

O Spock's Beard junta elementos do Pop, Progressivo, e em alguns (poucos) momentos até Metal, e é possível perceber várias influências diferentes no som deles, desde grupos progressivos como o Yes, Rush, Genesis e Gentle Giant (esse último eu não conheço direito, mas meu grande amigo Paulo falou que a segunda música lembra MUITO o Giant quando mostrei o disco para ele, então decidi citar aqui), com baixos "rickenbaker-metálicos", sintetizadores, virtuose, harmonias vocais complexas e bonitas (talvez meu elemento favorito em todo o disco) e tempos não-convencionais, até grupos como os Beatles, com baladas lindas e refrões que grudam, e Deep Purple, com muitos órgãos Hammond, e musicas empolgantes. Isso tudo com uma roupagem atual e produção sensacional.

O Spock's Beard poderia muito bem se encaixar nas categorias "Pop" e "Progressivo" numa loja de CDs, devido a não ter a "pretensão" característica da maioria dos grupos progressivos, justamente por não se preocupar em seguir algum rótulo. O álbum Day For Night se encaixa na categoria "boa música".

Eu gosto bastante de progressivo, embora às vezes ache que as bandas do estilo acabam perdendo o ouvinte com músicas longas e pouco objetivas, e para mim um ponto favorável desse disco é que além dos refrões serem geniais, as faixas não são tão longas (para os padrões progressivos), embora as ultimas 6 faixas do disco sejam na verdade uma grande música de 20 minutos chamada "The Healing Colors of Sound", que por sinal é um dos melhores momentos do disco.

A voz de Neal Morse me agrada bastante, embora em alguns momentos soe anasalada demais (mas e daí? a minha também é, e não paro de cantar por causa disso). O baterista Nick D'Virgilio é fantástico (ele já gravou com o Genesis, e não é pouca coisa substituir Phil Collins na bateria) e tem uma ótima voz (outra relação com o Genesis aqui, já que o frontman Neal Morse deixou o Spock's Beard em 2002 e Nick assumiu os vocais, como Phil fez após a saída de Peter Gabriel do Genesis em 1975 ). O baixo de Dave Meros é muito bem tocado, e tem uma sonoridade que me agrada bastante (lembra Chris Squire, do Yes) e se encaixa com o som da banda perfeitamente. Os teclados de Ryo Okumoto são onipresentes no disco, onde ele contribui com o Orgão Hammond e Mellotron (os sintetizadores são comandados por Neal Morse), e as camas de teclados são essenciais para a coerência do disco, que ficaria bem vazio sem eles. A guitarra de Alan Morse (irmão de Neal) usa e abusa de efeitos, e em alguns momentos eu chego a me perguntar "isso é guitarra?", devido ao álbum ter tantos instrumentos ao mesmo tempo, e o som da guitarra ser bem modificado usando efeitos diversos como Wah, Talkbox, e MUITOS outros, além de bastante distorção. O trabalho de guitarra é muito bom, e os solos de Alan são bem interessantes.

Os pontos altos do disco são a faixa título, que fica na cabeça e se recusa a sair; a progressiva-de-10-minutos "Crack The Big Sky"; a linda balada "The Distance To The Sun"; e a canção "Gibberish", que conta com um contraponto de 4 vozes "a capella" em tempo não convencional que é muito divertido de ficar "dissecando mentalmente" até se entender exatamente o que se passa.

Enfim, esse é um disco que eu recomendo sem medo pra qualquer pessoa que gosta de música. É um disco que me entretém, e a cada audição, algo novo é percebido, devido ao nível de complexidade e lapidação das canções, que mesmo com essa sofisticação não soam pretensiosas demais ou maçantes (se eu quisesse que 10 minutos da minha vida passassem bem rápido por algum motivo, ouvir "Crack The Big Sky" seria uma boa pedida).

Link para baixar o álbum:
http://rapidshare.com/files/22026361/hbsbdfn.rar - link tirado da comunidade "Discografias", do Orkut

9 comentários:

Gus Monsanto disse...

Esse disco é uma obra-prima. A obra é toda boa, mas as 3 primeiras desse disco destroem, realmente me emocionam. descobri essabanda através de elogios do Portnoy e fiquei fã. Tou levando pra gente dvds do Neal Morse "Testemony Live" e Translatlantic "Live", ambos com o Portnoy. Espero que seus leitores apreciem sua dica!

Anônimo disse...

Cara, ainda não ouvi o disco o suficiente para julgá-lo a fundo, mas só a faixa 12, The Healing Colors of Sound, e o arrepio que ela me deu já me levam a crer que o disco todo é sensacional.
QUE som de baixo e órgão!

leandro. disse...

Jayme, vc escreve pra lá de bem... Gostei mto do seu blog. Quando eu souber como se faz, vou colocar um link do seu blog no meu.

Abraços!

PS: na foto do seu perfil, o óculos do gah parece uma latinha de refrigerante... hehehe

Anônimo disse...

Quando vou ler alguma crítica sua a algum álbum do Sabbath?

To baixando esse álbum aí.

Anônimo disse...

E esse paulo aí é o fred =P

www.kent.blogger.com.br

Anônimo disse...

As coisas antigas são boas, realmente...
Mas quem vive de passado é museu!!!

por isso o melhor tem de ser o agora pois o depois já passou!!!

OK!!!

Anônimo disse...

viajei...

por isso o melhor tem de ser o agora pois o PASSADO já passou!!!

Anônimo disse...

Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Até mais.

Anônimo disse...

muito boa a indicação, jay. baixei e gostei bastante do que eu ouvi. gosto muito da forma que voce escreve e de suas sugestoes musicais.

abraçao rapá