11.6.07

Dave Brubeck Quartet - Time Out (1959)


Após esse meu breve período longe do blog, decidi voltar com algo um pouco diferente. Pensei em escrever sobre um disco que representasse outro estilo musical que não fosse o Rock, e não tive que pensar muito antes de escolher esse aqui. Ele foi apresentado a mim há alguns anos por um grande amigo e ex-parceiro musical, que cismou que queria tocar comigo uma musica de que eu nunca havia ouvido falar antes, chamada "Take Five", que era no tempo 5/4! E eu era o baterista, e nunca tentara tocar nada que não fosse Rock n' Roll com compasso quaternário. Eu nunca tive aulas formais de música, não sei ler partituras, não sei muito de teoria. Essa música a princípio deu um nó na minha cabeça, mas acabou me ensinando bastante.

Dave Brubeck é um pianista de Jazz ainda na ativa até hoje (ele está com 86 anos de idade no momento), que criou o Dave Brubeck Quartet em 1951, conjunto este que alcançou grande popularidade entre o público jovem, tocando em campus universitários e clubes de Jazz. O quarteto ganhou tanta notoriedade que Dave saiu na capa da Time Magazine, em 1954 (foi o segundo músico a alcançar tal façanha).O conjunto ia bem, tocando muito, gravando bastante e fazendo um bom sucesso.

Em 1959, após anos seguidos de sucesso, Dave e seus três companheiros de grupo decidiram inovar em seu próximo trabalho, e compor um novo álbum baseado somente em métricas não-convencionais. A gravadora achou que era um movimento muito arriscado e ameaçou vetar o projeto, pois, na época, o Jazz era uma música "para dançar", e os executivos da gravadora achavam que as pessoas teriam dificuldade em dançar músicas com compassos que não fossem quaternário ou de valsa (3/4), e que, consequentemente, o álbum seria um fracasso.

Por fim, a gravadora decidiu lançar o álbum, que rapidamente virou campeão de vendas, e teve na composição de Paul Desmond "Take Five" um sucesso tremendo, que permanece como uma das mais conhecidas músicas de Jazz até hoje.

"Time Out" tem uma importância enorme na história do Jazz, já que este é um estilo inovador em tantos campos da música (harmonia, estrutura, e muitos outros), porém, no campo rítmico, pouco havia mudado, se prendendo ao compasso 4/4. Esse disco foi um marco na emancipação rítmica do Jazz, e o pioneirismo de Dave Brubeck ajudou a definir os rumos que o estilo seguiria nos próximos anos.

Não sou, nem nunca fui (mas gostaria de ser), um grande conhecedor do Jazz, embora seja um admirador desse estilo musical tão diverso, criativo e imprevisível. Esse disco me agrada muito pelas composições de Brubeck e seu saxofonista Paul Desmond, que têm a rara capacidade de conciliar a complexidade dos tempos ímpares com melodias sofisticadas, bonitas e interessantes.

O sax de Paul Desmond consegue ser suave, doce e delicado, mas ao mesmo tempo presente, forte e marcante. A bateria de Tom Morello é genial, e, provavelmente, ele é o maior responsável por esse álbum, com tantos tempos diferentes e não-convencionais, conseguir a façanha de ser dançante e "swingado". O baixo de Eugene Wright é bem sólido, e suas linhas se encaixam perfeitamente nas canções, encorpando-as e deixando-as coerentes . E Dave Brubeck organiza a festa, tocando seu piano com maestria e contribuindo com improvisações inspiradas e inspiradoras.

A minha faixa favorita do álbum é a primeira, "Blue Rondo A La Turk", com sua melodia que fica na cabeça por dias, e seu tempo, que transita entre o 9/8 e o 4/4. Além dela, vale destacar a música "Take Five", que me apresentou ao álbum, e é um classico do Jazz, além de contar com um solo de bateria fenomenal, em 5/4.

Vale comentar, a título de curiosidade, que o Dave Brubeck Quartet tocou, em 1978 no Palácio Quitandinha, aqui em Petrópolis, época em que o Palácio era palco para atrações de grande porte, como a Orquestra Sinfônica Brasileira, Os Mutantes, Toquinho e Vinícius de Moraes.

Link para baixar o álbum :

3 comentários:

Anônimo disse...

Bonitão, pra decepção ser menor, apague os 'comentários' ali de cima hehehe.
E quanto ao disco em questão, QUE DISCO FODA.
Você deve muito bem saber e, caso contrário, tá sabendo agora, que jazz nunca foi algo que meu prendeu a atenção. A maioria é legal até certo ponto, depois enche o saco. Mas com o Dave Brubeck é diferente (pelo menos nesse disco, que é o único que eu conheço).
Desde a primeira vez que ouvi a primeira música, que é a melhor, eu passei a olhar jazz com mais, digamos, boa vontade.
Foi um disco, banda, muito interessante mesmo que tu me apresentou. Eu sou chato, isso é raro, rapaz hahahaha.

Gostei das novidades no blog... só não pode deixar de escrever sempre!
Abraço.

Anônimo disse...

A gente ouve junto qdo eu chegar em casa!
Bjo, Gu

Anônimo disse...

J, tbm n sou nem nunca fui grande conhecedora de jazz, mas adoro esse disco e os tempos doidos dele =)
gostei do blog!
bjs da rá.